domingo, agosto 20, 2006

Todas as vidas dentro de mim:
Na minha vida –
a vida mera das obscuras.
Cora coralina



e não há quem diga:

que essa vida afora desejo
é o leito agonizante que a fêmea esconde

ao ser indagada

e responde arteira pelo solfejo
dor mi só

***

http://aduna.free.fr/aduna.blog/blog.htm

tem esse blog só com música africana. ainda não posso indicar nada, porém adianto que a áfrica é minha nova fissura.

quarta-feira, agosto 16, 2006

Sarabanda, Bergman

Desde que Otar Partiu, Julie Bertucelli

a cabeça sempre funciona muito mais do que deveria. ouvi essa frase e pensei na instantaneidade das imagens que surgiam enquanto escutava a frase. sempre páro e penso além da cota cedida pelos normais do circo flutuante. pensar já é um ato não-estéril e abre as possibilidades para outros pensamentos, como uma caixa que não possui fundo ou um grande edifício para o olhar de uma criança de 3 anos. - mas é tão alto!

nesses rápidos minutos eu penso que alguns aromas ou imagens me deixam tristes. ou poderiam não deixar, caso eu não estivesse pensando neles. pensar nos deixa sensivelmente ligados nos sentidos que o pensamento provoca.

antes, porém, eu achava que rosas tinham um perfume que me despertava a dor. ainda penso que rosas despertam dor pelo aroma que exalam, pois associo a imagem no pensamento com o cheiro que não preciso sentir para ficar triste.

não era sobre isso.

solidão e falta de perspectivas são temas que sempre penso, apesar de não ficar triste ao pensar. dois filmes não me saem da cabeça. Sarabanda, do bergman. apenas 4 personagens.

nada mais além da solidão e das mágoas que vão entupindo as artérias. um cheiro de rosas invade a relação de todos os 4. eles vivem para uma rosa que já morreu.

depois vem Desde que Otar Partiu, da julie bertucelli. Três gerações de mulheres que não acompanham o seu tempo. A mais velha crê e vive no presente. A mais nova não enxerga futuro. A outra não vive.

eu penso em filmes que me deixam tristes ao pensar neles.

terça-feira, agosto 15, 2006

desses dias em Saturno

esclarecerei.

sentado na cadeira onde vi sarabanda de bergman eu me debrucei sobre os textos que há muito devia ter lido. esses dias têm me consumido com ócio e mais algumas agruras cotidianas que se esgotam quando eu pego o ônibus em menos de trinta segundos de espera.

espero contribuir para a satisfação humana através do meu sorriso ao calçar as legítimas havaianas ou só sair de casa com uma reles blusa, sem tanto tecido.

nesses dias em saturno, eu descobri que ler em voz alta pode fazer bem para a memória. acho que é um bom exercício para as cordas da voz. além disso, gritar incita o desejo de sair correndo, pelos anéis ou pelas ruas, cortando os automóveis em tráfego ou ouvir as vicissitudes da vizinhança às 7h30.

escrever é uma das maiores esquizofrenias.
descobri e esclareci tudo. ainda estava em Saturno.