terça-feira, junho 26, 2007

Sin lugar a dudas...

Cabrone!

são esses dias frios os verdadeiros culpados por envergar na goela dolorida carmim o conhaque assombrosamente dreher derretido nos dedos. Assim que estiver com sol nas pálpebras, começarei a aprender técnicas de jardinagem para ajudar meus pés de acerola que crescem no campo. No quedo, chingon cabrone, outras sementes que não sejam as do fruto pequenino e vermelho e no quedo outra colher de açúcar nesse suco do fruto que cresce no campo.

Escolhi bem a terra e o vento nordeste - que traz esse calor chapante no frio do sul. Esse terreno, contudo, me fez pôr as mãos no grão latino, que agora descobri. Mis respetos, mis respetos, Cabrone, sou latino-americano, isso sim eu não sabia. Esse meu riso portenho, esse chapéu mexicano, meu cigarro no canto esquerdo da boca bolivariana, meu andar peruano... Acompanha, Cabrone, esse meu olhar de árvore outonal.

segunda-feira, junho 18, 2007

Os limpadores de estrelas*

Junho: As estrelas estariam mais sujas neste mês? São tantos pós cósmicos a serem limpos? Essas milhões de estrelas não estariam sozinhas e não sujas?

Por duas vezes perdi no mês de junho. Perdi para o ofício das estrelas, que é nobre, imortal e saudoso. Não me cobrem as festas juninas, não me cobrem os balões de São João. Por este mês já não desejo nada, exceto as lembranças que restaram para as estrelas.

Esses ventos de junho. Que levem a dor que eu sinto para cima. E assim ajudem na ocupação de soprar o pó das luzes. Nada mais.


As dores que sentimos só podem ser levadas ao alto. O porto me roubou minutos em companhia de D. Maria Helena, que foi limpar estrelas, ou melhor, pintar estrelas. Em breve teremos mais estrelas, mais brilhantes e coloridas, como ela gostava.

E que meu pai, bom contador que era, ajude a contar essas novas estrelas coloridas que despontam. No alto.


* Cortázar já sabia desse ofício.