terça-feira, julho 19, 2005

para l ela

"diz farsa a cilada

do suave happy end
tua boca viciada
ressucitando a flor
a b e r t a

(mas era outono)

sendo
um frágil instante

não nego
a façanha:
teu olho maldito
dissuadindo

meu peito
flor murcha

(já era, inverno)"

segunda-feira, julho 18, 2005

da canção do capiba

ciranda
eu vi uma flor que gira
girava como uma roda gigante flor-colorida
e o vento que batia na flor girante e cíclica
trazia o cheiro das flores coloridas e paradas
da minha infância

eis que a flor colorida
que girava feito ciranda
colorida, vaga-lume e passista
girava e batia asas, borboleta gigante

eu vi a flor girando colorida
meu olho girou ao ver girando
ciranda colorida
eu dancei

domingo, julho 17, 2005

ODE AO AMOR SEM RAZÃO - das páginas em branco de 2004

1º Movimento, Allegro
Ao menino do dedo verde, a minha velha canção rock n´roll

Duas horas falando. Garganta e vontade de ouvir suturados pelo raio carmesim do sol. Nem adiantava ver o mar, nem adiantava reler nosso poema, nem adiantava olhar calmamente o olho de quem não quer ver. Saí quase dançando sobre tua tumba, viúva sem saber porque, acreditando que a morte iria me fazer rir. Ausência e dor de cabeça como se não tivesse dormido durante toda a noite, contigo
Sem ponto
Solta a minha mão que eu quero voar

Adágio terno e patético – 2º Movimento
Era verde e o meu mês não era junho. Já sabia que ele desceria a escadaria e eu estaria lá, como todas as tardes, olhando o nosso ovo frito ao longe e com o sublime vinho que me faria passar mal com as risadas não abstêmias. O vinho é amargo e suaviza no terceiro copo, que não é mais vinho, mas verde. Lembrei do meu choro na noite anterior, que me lembrou o riso que daria após meu terceiro copo verde. João e Maria dançando no escuro, um lençol sujo de tinta e costurado com o azul que sonhamos. Uma remenda, um pesadelo e o rádio AM que chiava. Digressão na escadaria. Ele não desceu e o vinho já estava verde. Verde e eu nem me dera conta que uvas não amadurecem na garrafa.