as formigas. todas elas caminham irremediavelmente, sem que meus dedos, apoiados sobre o chão frio da cerâmica, consigam acompanhar os insetos que pertencem à ordem dos Hymenoptera, eu já sabia porque já fui arrebatada, certo período, por formigas, vespas, abelhas, libélulas... mesmo que eu quisesse acompanhar as minúsculas pernas das formigas com o meu dedo indicador a minha intenção fracassaria. ainda acho, ao ver esses artrópodes, que eles são o melhor exemplo para se pensar sobre a vida que urge, surgindo possibilidades. tenho respeito pelas formigas, principalmente as operárias, porque conseguem viver 6 anos, caso não ocorra nenhuma intempérie, como o meu dedo indicador esmagar em um belo dia de sol ou ainda meu all star cego tatear - sem intenção - esse inseto, nada medíocre, e esmagá-lo impiedosamente. chovendo, penso nas formigas que serão atingidas por uma enorme gota de chuva, afogadas pela ínfima enxurrada, pelo olhar das formigas, morte inexplicável, fenômeno natural. há ainda casos onde formigas morrem por um dos pecados capitais: a gula. já vi esses desprezíveis, mas não menos interessantes, digamos bichinhos, cometerem suicídio ao carregarem toneladas de doces nas costas... não sei, vou repensar a cadeia alimentar e traçar esses novos caminhos que um pequeno ser pode trilhar. agora, há dezenas rodando perto de mim e meu dedo indicador digita em velocidade inversamente proporcional às pernas agitadas e velozes das amigas formigas.