Ao passante, cuja efemeridade se traduz no irreal
Car j’ignore où tu fuis, tu ne sais où je vais,
O toi que j’eusse aimée, ô toi qui le savais!
(Baudelaire)
Duas da tarde:
Exceto o sol
Sobre a tez
ouro
é cedo enquanto
o desejo evapora
hora, sem querer dizer
a deus
a(o)
meu mundo
fora de órbita
Ouvindo Jamie Cullum...
devia pedir que apagasse o cigarro
calasse minutos, outorgando pensamentos
porque eu nem saberia
dizer o quanto ainda a
existência resiste ao passar andarilho do relógio
(o óbvio era meu olhar confirmando o que tu dizias)
(pensando no sério almodóvar)
Há sempre o instante
Instável
Instantâneo
- prolongado,
Conta gota, cata-vento
retendo
o que não volta e lento
Se esvai...
(para quem acha que a morte é uma nascimento...)
O volume era tão alto que nem sabia quem eu olhava
A imagem da televisão gritando ainda era mais nítida que o transeunte,
Que nada dizia
Ia, apenas
Cambaleando pela rua da praia grande
(ele parecia ainda mais sério com os cabelos presos, pretos)
Mesmo assim ainda
tinha o semblante
ante a náusea de ver-me
desprezível moribundo