terça-feira, janeiro 09, 2007

duchamp fala da atividade retiniana.
eu reto com os pensamentos sem cor.
enquanto os fastasmas de duchamp jogam xadrez,
eu me comovo com meus

spans
que jogam em minha cabeça


ando folha des-gas-ta-da desses fios que não
tecem
outro arbusto pra eu
descansar
desse outono sem cheiro de

terra
e
s
t
i
lha ç
a
da
.

quarta-feira, setembro 13, 2006

one more, please

Parece una broma, pero somos inmortales (...)
Cortázar


parece tarde, mas que seque o mar
ainda que me peças eu alcanço todos faros
e ardo
enquanto o tempo
arremesse o barco para o alto
e amargo
todas as tuas desventuras

e somos imortais, até que sol
arqueje preciso
entre o desconcertante
passeio inciso de um rio
sob o pacífico

homenagem do andy warhol...

Zine Virtual...

as paredes estão todas sujas por dentro. [voz alta e timbre retrô agudo, canção vinil arranhada pelo tabaco que nunca vai abandonar a boca]. fine, fine. aquela fumaça nem cessa mais, mas poderia parar de sujar as encardidas e talvez brancas paredes de tinta óleo; olho sempre ao redor e me sinto a solidão do aquário da gaiola do apartamento vazio

porque eu e minha fumaça estamos terrivelmente sós nessas paredes sujas e limpas de solidão que nem temos tempo de pensar se ainda faz frio lá fora

através da porta




just it. queria ter feito uma programação visual, queria ter feito texto em papel com imagens. não consegui e vou postar agora as linhas prometidas ao papel. porque nem sempre os planos saem como folhas brancas da cabeça.

domingo, agosto 20, 2006

Todas as vidas dentro de mim:
Na minha vida –
a vida mera das obscuras.
Cora coralina



e não há quem diga:

que essa vida afora desejo
é o leito agonizante que a fêmea esconde

ao ser indagada

e responde arteira pelo solfejo
dor mi só

***

http://aduna.free.fr/aduna.blog/blog.htm

tem esse blog só com música africana. ainda não posso indicar nada, porém adianto que a áfrica é minha nova fissura.

quarta-feira, agosto 16, 2006

Sarabanda, Bergman

Desde que Otar Partiu, Julie Bertucelli

a cabeça sempre funciona muito mais do que deveria. ouvi essa frase e pensei na instantaneidade das imagens que surgiam enquanto escutava a frase. sempre páro e penso além da cota cedida pelos normais do circo flutuante. pensar já é um ato não-estéril e abre as possibilidades para outros pensamentos, como uma caixa que não possui fundo ou um grande edifício para o olhar de uma criança de 3 anos. - mas é tão alto!

nesses rápidos minutos eu penso que alguns aromas ou imagens me deixam tristes. ou poderiam não deixar, caso eu não estivesse pensando neles. pensar nos deixa sensivelmente ligados nos sentidos que o pensamento provoca.

antes, porém, eu achava que rosas tinham um perfume que me despertava a dor. ainda penso que rosas despertam dor pelo aroma que exalam, pois associo a imagem no pensamento com o cheiro que não preciso sentir para ficar triste.

não era sobre isso.

solidão e falta de perspectivas são temas que sempre penso, apesar de não ficar triste ao pensar. dois filmes não me saem da cabeça. Sarabanda, do bergman. apenas 4 personagens.

nada mais além da solidão e das mágoas que vão entupindo as artérias. um cheiro de rosas invade a relação de todos os 4. eles vivem para uma rosa que já morreu.

depois vem Desde que Otar Partiu, da julie bertucelli. Três gerações de mulheres que não acompanham o seu tempo. A mais velha crê e vive no presente. A mais nova não enxerga futuro. A outra não vive.

eu penso em filmes que me deixam tristes ao pensar neles.