as formigas. todas elas caminham irremediavelmente, sem que meus dedos, apoiados sobre o chão frio da cerâmica, consigam acompanhar os insetos que pertencem à ordem dos Hymenoptera, eu já sabia porque já fui arrebatada, certo período, por formigas, vespas, abelhas, libélulas... mesmo que eu quisesse acompanhar as minúsculas pernas das formigas com o meu dedo indicador a minha intenção fracassaria. ainda acho, ao ver esses artrópodes, que eles são o melhor exemplo para se pensar sobre a vida que urge, surgindo possibilidades. tenho respeito pelas formigas, principalmente as operárias, porque conseguem viver 6 anos, caso não ocorra nenhuma intempérie, como o meu dedo indicador esmagar em um belo dia de sol ou ainda meu all star cego tatear - sem intenção - esse inseto, nada medíocre, e esmagá-lo impiedosamente. chovendo, penso nas formigas que serão atingidas por uma enorme gota de chuva, afogadas pela ínfima enxurrada, pelo olhar das formigas, morte inexplicável, fenômeno natural. há ainda casos onde formigas morrem por um dos pecados capitais: a gula. já vi esses desprezíveis, mas não menos interessantes, digamos bichinhos, cometerem suicídio ao carregarem toneladas de doces nas costas... não sei, vou repensar a cadeia alimentar e traçar esses novos caminhos que um pequeno ser pode trilhar. agora, há dezenas rodando perto de mim e meu dedo indicador digita em velocidade inversamente proporcional às pernas agitadas e velozes das amigas formigas.
segunda-feira, janeiro 09, 2006
terça-feira, janeiro 03, 2006
passado presente...

curvada sobre a onda
estrela e clara ronda manhã
amanhã, sol do meio dia
forte maresia, tua parte
tempestade
brilhando, passos de mim
borboleta do mar,
sei que ainda estás aqui
voando pela lágrima oceano
mais anos, luz
vaga lume
melhor é ver asas deslizando na maré
baixando o céu
no horizonte, sereia colorida
outras idas, outros mares
de quem não enxerga ares
que a água
é a terra do alto,
eu canto
por mais que exista
cores réplicas no ar
borboleta-bailarina, bate asas no mar
que o mar é tua casa
dia de nadar, voar rasante pela onda
vazante
recebi cobranças de amigos da época da escola. eu teria que colocar no blog o que eu fazia por aqueles tempos (o que nem faz tanto tempo assim...). lembrei de mais uma história do herzog (feita lá pelos idos 2000). nounouse é um personagem (diria que é sonique) e foi tirado de um poema de vinícius de moraes. lembrei desse desenho porque recebi esse poema, ontem, presente da carol! os versos ao lado se configuram uma canção, sem título, também de 2000 (ou seria 2001?). há tempos não escrevo canções...
escuto edu lobo e tom, que roda pela 2º vez. lembro de tudo. sinto saudade furacão, calo. há 2 dias não faço outra coisa que não seja pensar. postar no blog, agora, é apenas uma exceção na rotina. aqui e em mim chove.
sexta-feira, dezembro 30, 2005
Miró, mira meu sono

“O sonho não pode ser também aplicado à solução das questões fundamentais da vida?”
Manifesto do Surrealismo, André Breton
Atrás do som
sonho
sonho
dormir entre o vento nu
bambuzal
desfolhado que esconde
a fresta
do meu silêncio (sinos e sins, longe, onde adormeci)
mudo
sonho
a/cor/dado
para ver
as palavras escritas ao
ré-dor
da
(real
mente)
(real
mente)
Vi uma exposição de gravuras do Miró em Porto Alegre. Eram bem parecidas com as reproduções que eu tinha no teto do meu quarto (claro, são reproduções, são iguais...). Contrariando Walter Benjamin, eu senti a mesma emoção ao ver os originais, a mesma emoção com a qual via as gravuras colodas no meu teto, rindo todas as vezes para mim, velando meu sono. Na exposição, por alguns poucos instantes, eu vi a familiar lembrança dos sonhos que nunca querem dissipar-se... Sou feliz dormindo! E viva o surreal!
domingo, dezembro 25, 2005
Fio a fio
Duración media del llanto, tres minutos. (Cortázar)
não tardou para o amor
dissolver-se
eu já o via,
fio a fio
meu amor por um fio
e não adiantava tecer o vento
e soprá-lo em nossa direção
pois a corda bamba
não derruba
só enforca
e ao livrar-me dessa nostalgia
temo
amor-te
sábado, dezembro 24, 2005
Besouro zepelin
poderia eu voar?,
meu besouro zepelin
e se o céu fosse tão alto quanto o azul que desponta
no teu nariz
olhando o céu bem alto
e quem não olha o céu (?)
eu via
tua testa franzir enquanto tu olhavas o azul-alto
mas eu não via as nuvens branquinhas
ficava olhando teu olhar sobre o céu
que era azul como teu olho
olhando eu voar
sobre a tua testa franzida
nem percebi que eu poderia voar, besouro zepelin
eu já era tão azul quanto o azul bem azul lá do alto
e nem olhava que voava:
só via teu olho bem colorido de azul olhando o céu
que era bem alto
só para te ver franzindo
a testa
escrevi esse poema há uns bons anos atrás... nem saberia mensurar! está aqui, minha idade de ouro, feito corda que pulava nas tardes com sol no equador!
terça-feira, dezembro 13, 2005
Poema presente
Albas a Terpsícore*
a janaína campos lobo, humildemente
Vinícius Bezerra
rente a
sua verve
sua práxis
me desfaço
em contentamento
quando deslaço
os nós dos
sapatos do tempo
cativante mais se
torna seu encanto
a seiva dos teus campos
ceifa as agruras da terra
calçadas as sandálias
de guerra
o peito é todo rasgamento
ó iemanjá
a ti entoamos cantos do alvorecer
e canções de silêncio
há mar janaína
[dois pontos]
com uma alavanca em punho
nós movemos o mundo
em meio
ao jardim de asfaltos
brota
uma violeta
de outono
*albas=cantos do alvorecer
terpsícore=musa protetora da dança da poesia lírica e do canto; mãe das sereias
(Surpreendente! Recebi esse poema do Vini, meu doce Vini, como se fossem flores... Gostei como gosto do aroma. Um beijo saudade, queria ser mais presente, queria te dar mais abraços. Tuas palavras sempre me convidam a um passeio pelo desconhecido.)
quinta-feira, dezembro 01, 2005
belém além de qualquer desejo...
19h30...
eu pedia miles davis, sabia que a noite guardava pat metheny
pelas ruas escuras, nada procuro, não encontro
(há uma diferença no caminhar quando não se procura nada)
se todos adivinhassem o som do rio
o gosto do jambu
o chocolate ofertado...
(caminhar pela cidade antiga era apenas um deleite)
o café imaginário e os risos
caipiras
sincronia de passos, mergulho na sombra, pensamentos
incrivelmente sou diferente
não mudei nada!
passa o tempo com o passo ligeiro
na caminhada
que nem faz caminho...
(já era 4h da manhã e eu nem havia percebido)
isso não é poesia, apenas um relato. não quero esquecer o que fiz...
eu pedia miles davis, sabia que a noite guardava pat metheny
pelas ruas escuras, nada procuro, não encontro
(há uma diferença no caminhar quando não se procura nada)
se todos adivinhassem o som do rio
o gosto do jambu
o chocolate ofertado...
(caminhar pela cidade antiga era apenas um deleite)
o café imaginário e os risos
caipiras
sincronia de passos, mergulho na sombra, pensamentos
incrivelmente sou diferente
não mudei nada!
passa o tempo com o passo ligeiro
na caminhada
que nem faz caminho...
(já era 4h da manhã e eu nem havia percebido)
isso não é poesia, apenas um relato. não quero esquecer o que fiz...
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