“O sonho não pode ser também aplicado à solução das questões fundamentais da vida?”
Manifesto do Surrealismo, André Breton
Atrás do som
sonho
sonho
dormir entre o vento nu
bambuzal
desfolhado que esconde
a fresta
do meu silêncio (sinos e sins, longe, onde adormeci)
mudo
sonho
a/cor/dado
para ver
as palavras escritas ao
ré-dor
da
(real
mente)
(real
mente)
Vi uma exposição de gravuras do Miró em Porto Alegre. Eram bem parecidas com as reproduções que eu tinha no teto do meu quarto (claro, são reproduções, são iguais...). Contrariando Walter Benjamin, eu senti a mesma emoção ao ver os originais, a mesma emoção com a qual via as gravuras colodas no meu teto, rindo todas as vezes para mim, velando meu sono. Na exposição, por alguns poucos instantes, eu vi a familiar lembrança dos sonhos que nunca querem dissipar-se... Sou feliz dormindo! E viva o surreal!